segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Anestesia

Precisava de me sentir bem aqui. Descobrir que vale a pena, que escrever numa folha de jornal me pode fazer feliz ou então descobrir por onde quero e posso arriscar.

Gostava de poder conversar contigo de manhã, ainda com a cara amassada, antes de um dia normal. Um dia que é só um dia, sem obrigação de ser aproveitado. Sermos como antes, seja lá o que isso for.

Não quero mais sentir um aperto no estômago quando ouço o nome de um lugar que sempre foi meu. Gelar inteira se uma amiga como tu, a quem nunca escolhi perder de vista, me diz «isto não é o mesmo sem ti. Fazes-me muita falta».

Irrita-me não me lembrar o que é viver sem desejar tão intensamente e honestamente a morte de alguém. E ter as mãos atadas perante um verme tão rasteiro e uma injustiça tão flagrante.

Odeio não poder ver sempre quem quero ver sempre, principalmente sem perceber em nome de quê deixo escapar-me assim o tempo.

E hoje, só queria fechar os olhos e aprender a deixar de sentir.

2 comentários:

Bravo disse...

Deixar de sentir mas só as coisas más...combinado?

Um beijo cheio de força*

juliette disse...

"Odeio não poder ver sempre quem quero ver sempre, principalmente sem perceber em nome de quê deixo escapar-me assim o tempo."

Isto é o que mais me aflige: um dia a seguir ao outro, a seguir ao outro, e olhas para trás e não fizeste um quinto do que realmente querias.
Mas olha, lembras-te de nós no Calcutá a rir por estarmos a ser tão fatalistas? Mais vale rir. A rir tudo isto se aguenta muito melhor.
E melhores dias virão.

PS: E irmos outra vez jantar, as bonecas? Desta vez marcamos no outro restaurante, cheias de estilo.