quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

É só porque não quero...

Antes de dar importância à insónia decidi não dormir. Talvez assim possa acreditar que foi escolha minha, dizer bravamente que não me deixo afectar por esta e aquela outra insignificância. Não deixo não. Não estou a dormir porque não me apetece. Só isso!

O dia acabou (já acabou não já?) e eu precisava de gritar ou bater com a porta, mas não tenho público que se impressione com a minha raiva. Isso tirou-me o sono? Nada disso. Precisava de encostar a cabeça em algum ombro e sentir que tenho o direito de ter uma pena absurda de mim mesma, mas está cada vez mais difícil encontrar ombros disponíveis em horário de urgência. Fiquei a vaguear pela casa noite dentro por causa disso? Nunca. Apetecia-me comer quilos de chocolate, mas tenho a despensa vazia. Insónia? Jamais. Queria muito, tanto, tanto, saber o que fazer com estas borboletas que me atrapalham o estômago, mas não sei. Só porque não sei. Porque repito e repito que não vale a pena ficar assim, que não me podem derrubar só porque querem, que estas semanas (meses?) que se viraram contra mim impiedosamente serão compensadas com um ano inteiro de sorte e maravilhosos acontecimentos. Mas as borboletas não ouvem.

Então esta noite (prometo que só esta) decidi assim. Não vou dormir (porque não quero. Já disse que é porque não quero?).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

What else?


O George Clooney, um balde de pipocas e de repente estamos bem as duas. Porque os fantasmas só existem se os deixarmos existir...

Fogo de Artifício

A história é simples. Chasquinho de neneno porque quando era pequena me diziam que eu era um frasquinho de veneno. Eu tinha a certeza que sim. Era eu sim. E dizia, com a língua enrolada das crianças, o meu nome: «chasquinho de neneno». Voltou-me tudo à memória quando dizia a um amigo mais paciente do que outros que hoje em dia, agora mesmo, não sei bem se sou o que queria ser. Porque nessa altura, quando era o chasquinho de neneno e usava como uma coroa um nome enrolado que me foi dado como uma crítica, tenho quase a certeza que era o que queria ser. Ou que sabia o que era. Aquilo mesmo. E acordava com a certeza absoluta de que merecia acordar a cada manhã com um estrondoso fogo de artifício.