A voz do outro lado da linha é simpática, e fala-me com uma preocupação pela minha saúde tão genuína que quase me comove. Propõe-me uma coisa gratuita, mesmo gratuita, sem contrapartidas, algo que me é tão difícil resistir. Só meia hora, 30 minutos em que ela estará empenhada apenas no meu bem. E eu aceito, marco hora, combino tudo. Caio na esparrela mais uma vez.
E para quê? Para chegar lá e ela ser toda tonificada, maravilhosa, medir-me, pesar-me e dizer-me que o meu índice de massa gorda é algo de horrível, inaceitável, vergonhoso. Dirá isso carinhosamente, o que me vai fazer sentir ainda pior. E depois disso, de todas as vezes que não for ao ginásio (porque não tenho tempo, juro que é por isso) voltarei para casa a sentir-me a pessoa mais desprezível do mundo. E nessa altura, onde estará o olhar compreensivo da menina que me fez a avaliação? A destruir a vida de uma qualquer outra preguiçosa deste país, pois claro, em vez de estar ali ao meu lado a segurar a minha mão papuda.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
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2 comentários:
eu então ouvi um monitor, todo tonificado mas não maravilhoso, dizer-me com ar não tão simpático que tenho peso a menos, massa gorda a (muito) menos e que sou muito fraquinha! como vês, a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha :)
Gostei da mão papuda.
Adoro essa mão papudinha.
Deixa a menina da voz maviosa falar...que ela não sabe o prazer que eu tenho em agarrar essa mão papudinha.
Parva!
Está uma pessoa, uma vida inteira a dedicar-se exaustivamente a criar uma filha, e ela sai uma parvalhoca. Que sina!
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