sexta-feira, 4 de julho de 2008

Mais um dia

Há manhãs em que tenho a certeza, quando acordo, que o dia está bonito. Sinto que sei o que tenho pela frente e fico calma. Levanto-me sem medo. Mas, de repente, o dia escorrega-me entre os dedos. É feito de coisas que não deviam ter sido. Acontece-me um dia feio. Bonito por aí, mas feio e sujo por aqui. Acontece-me ainda outro. E mais outro. Ainda assim, sempre de manhã, quando abro os olhos, é suposto que seja mais um dia. Com as mesmas 24 horas e até o céu bonito (estaria?). Mas pode o coração pesar-me tanto se é só mais um sol que se levanta para se pôr mais tarde? Podes mesmo ter passado por mim a chorar por seres só um número para alguém? Teremos sentido o estômago tão apertado, em silêncio, por nos sabermos uma folha de papel frio em cima de uma mesa? Conseguirei ficar feliz em breve por ter dado um passo em frente à custa do vosso tropeção? É só mais um dia. Então quero só que chegue ao fim. Este. Porque amanhã quero acordar de novo com a certeza de que vai correr tudo bem (e ter razão), pelo menos em cada uma das manhãs da semana inteira que vou passar longe daqui.

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